Aos 13, eu morria de vontade de fazer 15. Queria fazer 15 pelo baile, pelo vestido, pelas fotos que tiraria, pelos amigos que reuniria. Queria fazer 15 pela responsabilidade de debutar, pela sensação física de dar o primeiro passo para me tornar uma mulher. Para, apenas, dizer que tinha 15 e não 14, o que, na época, fazia uma diferença enorme.
Ao fazer 15, percebi que nada mudou. Eu ainda era a mesma, com os mesmos pensamentos, as mesmas roupas, o mesmo cabelo, as mesmas amigas, as mesmas ideias, os mesmos preconceitos. Nã havia crescido nada. Queria, mesmo, era fazer 18. Queria fazer 18 para ser maior de idade, para mandar em mim, para fazer vestibular, auto-escola, sair para noitadas, dizer que já era mulher. Para, apenas, dizer que tinha 18.
Aos 18, nada mudou. Não mandava em mim, não sabia se a minha escolha para o vestibular havia sido a certa, a auto-escola era um porre, dirigir era tão fácil, as noitadas eram quase as mesmas, só mudou o fato de poder mostrar a minha identidade sem nervoso, pois já não era mais falsa. Eu não virei mulher.
Aí eu desencanei. Aos 20, o peso da segunda dezena de vida me pegou em cheio. Pensei "o tempo tá passando". Não havia cara certo, vida certa, nada de mulher, a minha menina sempre me rondava. Novos medos substituíram os antigos, novas inseguranças substituíram as velhas e tudo ficou deveras difícil.
Matriculada em dois cursos, larguei um. Foi a minha primeira escolha. Mergulhada em um relacionamento infeliz, resolvi emergir. Segunda escolha. Permiti-me uma nova amiga. Terceira escolha. Separei vidro de diamante, quarta escolha. A quinta escolha foi parar de escolher.
Hoje, aos 21, quase achei que fazer aniversário não teria mais graça, afinal... Qual a graça de envelhecer? Quando parei de escolher, minhas escolhas me fizeram. Fazer 22, 23, ainda não tem cara de envelhecer. Mas eu sinto que envelheço quando não quero mais ser amiga de todos. Sinto que envelheço quando vejo tranquilidade em um relacionamento e não loucuras inconsequentes. Sinto que envelheço quando tenho minha série de TV preferida. Sinto que envelheço quando paro para assistir o jornal, jovens não se interessam pelo que se passa no mundo. Sinto que envelheço, pois estou sabendo cuidar de mim.
Envelhecer, pra mim, é isso. Saber que "suas" escolhas não são feitas por você. Você interfere na parcela que cria a circunstância, mas o que está por vir está totalmente fora do seu controle. Jovens se incomodam com isso. Quem envelhece, não. Quem envelhece sabe que esse é o grande barato da vida.
Aos 21, eu morro de vontade de ter a vida inteira.
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