segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Não se atreva.

Segundo a Secretaria de Política das Mulheres, a cada 10 brasileiros, 6 conhecem alguma mulher que já foi vítima de violência doméstica. O machismo de homens que se auto-intitulam enquanto proprietários de pessoas, que se auto-denominam botão de controle da vida de alguém, que se julgam superiores, que entendem como direito deles usar a agressão como forma de punição de comportamento ou prazer, aparece como fator mais recorrente para tal atrocidade (46%).

Apesar de 91% dos homens alegarem que bater em mulher está errado em qualquer ocasião e por qualquer que seja o motivo, uma em cada cinco mulheres já foi vítima. Em 80% dos casos, o marido ou o namorado é o responsável pela agressão.

Essas agressões gratuitas configuram um problema de Saúde Pública. Há danos físicos aparentes, escoriações visíveis, mulheres cobrindo o corpo ferido, medo em constante ascensão. 

Os machucados psíquicos são os que mais demoram de sarar, as lembranças se comportam feito música arranhada, parada na mesma faixa, no mesmo trecho, o velho poema.

Uma mulher em constante agressão, a cada 5 anos, perde um de vida saudável pelos danos ocasionados. Esse fenômeno mundial não obedece nem segue classe social, etnia, faixa etária ou qualquer outra característica que segregue e separe mulheres em categorias. Esse fenômeno é um vírus que permeia qualquer lugar do planeta.

A CADA 4 MINUTOS UMA MULHER É AGREDIDA POR ALGUÉM A QUEM ELA TENHA AFETO. ESSE TEMPO DIMINUI PARA 15s AQUI NO BRASIL.

O BRASIL É O PAÍS ONDE ISSO MAIS ACONTECE.

Aqui em Salvador, os companheiros são os responsáveis pela agressão em 90% dos casos. Em Janeiro desse ano foram registrados 733 crimes contra soteropolitanas, o que, em números, significa que, mais ou menos, 22 mulheres são agredidas por dia em um prazo de 30 dias na cidade do axé.

Se você nunca foi agredida, eu arrisco a dizer que, com certeza, conhece alguém que já foi. Eu transito entre os dois grupos. Conheço e já fui vítima. Não há vergonha nisso. Quem tem que ter vergonha, com certeza, não sou eu. Nem você. Conheço a sensação de impotência, de injustiça, de medo puro, de desespero. Conheço, também, a raiva de ver alguém passar por isso, de presenciar alguém que eu amo recebendo algo diferente de carinho. 

Se de um lado as mulheres estão perdendo o medo da denúncia e encarando os fatos, do outro os agressores estão cada vez mais escrachados, menos temerosos, agarrados à certeza de que nada acontecerá a eles.

Fora do papel da psicologia que eu estudo para defender, fora do papel de amiga que se arrepende de não ter feito um pouco mais, fora do papel de futura mãe que morre de medo desse mundo. Meu papel hoje é o de mulher. De mulher que diz para a outra que tudo bem não saber quem está dentro daquela pele de cordeiro. Que pessoas violentas não tem PERIGO em letras garrafais na testa. Que coração é burro e que cabeça é vazia. 

Mas não está tudo bem se uma agressão gratuita não serve como ponto final. Não está tudo bem se flores te convencem de um futuro melhor. Não está tudo bem se uma semana de auto-controle apaga um dia de ameaça. Não está tudo bem se um tapa é esquecido por um beijo. 

Um grito, se permitir, vira um xingamento. Um xingamento, se permitir, vira um empurrão. Que vira um puxão de cabelo, um aperto no braço, um beliscão, um tapa, um soco, uma faca, um revólver, um caixão. Não chegue a esse ponto.

Goste de seu corpo, respeite seu templo, se permita ser tocada com carinho, não aceite qualquer coisa, não sucumba a qualquer situação. Se ame, se ame muito! Respeite quem você é, quem você se tornou, o que você pode vir a ser. Lembre de como é uma boa amiga, uma boa filha, uma boa mãe. Lembre de todo mundo que quer te dar um carinho e se afaste de quem quiser agressão.

Quando for difícil, quando tudo parecer impossível, quando a fraqueza dominar sua mente, procure ajuda. Procure sua família, seus amigos, a delegacia. Um suporte psicológico é a chave mestra do sustento psíquico nessas horas. Cuide mais de si, respire paz, almeje flores. 

Você deve ser mais importante para si mesmo que os outros. Sua segurança é o seu maior tesouro. Zele pelo que há de melhor em você.


E quando uma mão se levantar sobre seu rosto fale para si mesma "NÃO SE ATREVA A PERMITIR"


Por quê? Porque eu sou só amor.



DEAM – ENGENHO VELHO DE BROTAS
71 3116-7000
RUA LUIZ FILGUEIRAS, S/N, FINAL DE LINHA

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