sábado, 2 de agosto de 2014

Põe no outdoor.

Eu quero que anunciem que algumas sombras abatem meu sorriso, mas meu amanhecer não cansa de me acordar. Eu quero que anunciem que eu sempre fui uma boa menina e que isso nunca teve a ver com os outros, eu sempre me decepciono, mas Deus fez meu coração de material reciclável. Anuncie por aí que quem me viu ajoelhar, nunca vai me ver esmorecer, que meu lado exterior nunca deu liberdade demais para um mergulho nas minhas profundezas, pois eu sou poça para quem não me acrescenta e mar aberto para os meus nomeados. Anuncie, também, que quilinhos a mais na minha silhueta, rosto abatido ou lágrimas que me denunciam nunca vão me resumir. Eu quero que digam por aí que eu sou uma guerreira do silêncio, minhas guerras são vencidas no argumento, eu não mostro o corpo para me apresentar. Quero que todo mundo saiba que o tamanho do meu universo é inatingível até para quem divide um cômodo comigo e que a imensidão dos seus julgamentos jamais manchará a minha verdade. Mas não esqueça de avisar que eu também sou insegurança, que eu confio nas pessoas erradas e dou ouvido ao que me diminui. Eu escolho a roupa errada, exponho minhas celulites, dou pitaco incoveniente e perco amizades. Até me perco, às vezes, mas nunca tive a preguiça de me procurar. Gritem por aí que eu sou muito mais que um olhar atravessado e que eu não me obrigo a trocar energias incoerentes. Eu só ando com quem eu gosto, não sou de pirraça. Grite que eu sou espiritualizada e que quase ninguém vê meus rituais de fé, só a parte que importa. Coloque em um outdoor que eu sou muito mais do que sua indiferença consegue ver, que eu quero ser mãe e que sou extremamente amorosa, apesar de não concordar que todos devem ser tratados bem. Escreva aí que as pessoas que eu conquisto não tem nada a ver com você e não esquece de grifar que o que eu alcanço é muito longe pra você. Por fim, fale em segredo, bem baixinho, que eu sou humana, que eu em nada me assemelho a um pedaço de papel em branco. Minhas bagagens são mais valiosas que pesadas e meu caminhar quase não deixa pegadas. Só me segue quem eu chamo, jamais quem me vê, simplesmente, passar. Viu? Eu já me perdi de você.

2 comentários:

  1. Olá Isadora, eu tô simplesmente amando tudo isso aqui!!
    E esse texto? Lindo demais e de tão profundo me tocou. Você escreve muito, adorei!
    "Eu quero que digam por aí que eu sou uma guerreira do silêncio, minhas guerras são vencidas no argumento, eu não mostro o corpo para me apresentar."
    Amei mesmo!!
    http://escrituras-da-alma.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sâmela!! Fico toda bestona quando elogiam meus textos! Que bom que gostou!!!!

      Excluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...