terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ô num intindi o que ele falô!

Olá! :)

Hoje eu vim falar sobre linguagem. Na verdade, vim falar sobre um hábito pessoal e que eu sei que muitos de vocês que aparecem por aqui também devem ter.

Eu sou filha de uma pós-doc, formada em Letras, professora atuante, coordenadora de estágio, blablablá. Por tudo isso, minha mãe passou boa parte da minha adolescência corrigindo minha fala, meus trabalhos, minhas provas e meus pensamentos. Nada escapava do meu google materno! Diante de tanta cobrança, virei uma chata perseguidora de erros de português. Não sou nenhuma sumidade, mas sou daquelas que abusa dos sinônimos caso não saiba a grafia correta do que eu queira escrever. Sou muito um pouco obsessiva, até!

Tenho ginge quando vejo palavras que ao meu ver são extremamente fáceis de escrever sendo usadas de maneiras totalmente erradas. Fico doida para consertar, para corrigir, para arranjar um jeito camarada de chamar atenção para a grafia correta, de repetir a palavra certa no chat na minha resposta quando a usam na pergunta de maneira errada, tenho mil e um truques!

Descobri que não estou sozinha quando vi um movimento no face e no twitter e em várias redes sociais sobre regrinhas básicas, palavras que já caíram no gosto dos, vulgarmente chamados, assassinos da língua, chamando atenção para os famosos erros como o uso de mim e me, o mas e mais, o voçê, familha, o clássico pobrema, indiota e tantos outros!

Pois então. Risadas à parte, sempre achei muito cômodo para nós, estudantes abonados, com passe livre para a educação, apontar o dedo e engasgar com o hilário erro de quem escreve errado. Diante do propósito da linguagem, estabelecer uma comunicação, você que ouve "pobrema", entende o que a pessoa quer dizer? Entende que ela está querendo dizer problema? Entende, não é? Logo, ela atingiu seu objetivo.

Lembro que esse ano houve um debate ferrenho com o MEC sobre os livros didáticos que apresentavam essa linguagem diferente como desvio e não como erro. Diversos professores foram extremamente contra, como se estivesse havendo uma apologia ao linguajar errado. O que foi explicado foi o seguinte: Quando alguém fala estrupo, célebro ou qualquer outra palavra que fuja à gramática normativa, isso não deve, jamais, indicar um erro, muito menos motivo para discriminação. Existe uma norma culta a ser empregada e quando alguém não se enquadra nela, ela comete um desvio e nunca um erro, pois ela consegue se comunicar, apenas não está na forma que a sociedade aceita como padrão, uma vez que não teve acesso a isso.

Pois bem! Se eu digo pra você "Gatinha, pegue ali umas almofada pra mim" e aponto para um sofá com 10 almofadas, quantas você vai pegar? Uma? Várias? Garanto que será mais de uma :) Então vamos ser mais humanos, menos prepotentes, mais inclusivos, não é? Dói não!

Antes de apontar o erro do outro, vamos olhar nossa escrita, nossos atos, nossa conduta. Tantas coisas mais importantes, não é mesmo? Isso foi um baque para mim, de verdade. Sou a primeira a achar loucura e a primeira a me retratar com meu preconceito também. Não devia ser assim! Não posso olhar a escrita de alguém como ponto focal de uma pessoa. Parece que isso recebe tanta atenção, como se aquele indivíduo se resumisse a um "s" no lugar errado ou a falta de um n, enfim!

Esse vídeo foi um sucesso na internet. Quem nunca viu a moça do "naite bruique"?

Todo mundo deu boas risadas com ela. Compartilhou com todos os amigos, fez chacota. Sabe o que eu vi? Uma mulher muito inteligente, com um discurso extremamente lúcido e com argumentos plausíveis de defesa. Ela sabia o que queria, sabia a grafia e sabia, inclusive, que o vendedor estava entendendo sua versão do notebook. "Ele sabia o que eu estava falando" e sabia mesmo. Mas parece tão difícil assumir uma proximidade e, simplesmente, atendê-la ao invés de querer consertá-la. Há tempo e necessidade para isso? Qual é o ganho? O que ele quis com isso?

Bom, o mais legal foi que hoje eu recebi um e-mail sobre uma ideia de editora abril. No site deles, há uma parte chamada "Educar para crescer". Eu não sei exatamente o propósito deles, mas o link no meu e-mail me levou a uma página com um joguinho aparentemente inofensivo e eu resolvi testar.

Me pareceu um tanto irônica a explicação do aplicativo: "Teste se você escreve e fala corretamente as palavras mais complicadas da língua portuguesa". Gente, não vi nenhuma palavra complicada e, vou te dizer, foi uma surra de sapeca iaiá na minha intolerância. São 4 níveis e eu fui passando por eles com muita tranquilidade. No quarto nível, passei por palavras que eu utilizo no meu cotidiano e jurava de pé junto que saberia escrever. Errei boa parte deles e fui me sentindo beliscada pela realidade. "E agora, universitária?". Todo mundo DESVIA! Eis aqui meus resultados, o melhor de tudo é a carinha do sujeito:

Foi um resultado podrengo? Não. Mas a carinha dele no último e o "você está quase lá" é de matar, não é? E pensei que talvez as pessoas sintam exatamente isso quando nós, lá de cima do nosso pedestal, as consertamos.

Se você quiser passar por esse exercício de humildade nível 1, clica aqui e completa o teste. Aproveita para fazer todos os outros e testar como você está com a gramática, com as regrinhas. Não há mal nenhum em querer se aperfeiçoar, sempre respeitando e passando conhecimento, o que é muito diferente de desdenhar de quem não fala como você.

Agora... Se você não quer nem tentar, pois acha perda de tempo ou que você é muito maior do que isso, POBREMA SEU! Eu não poço fazer é nada se voçê é um indiota que se acha mas que todo mundo. Vose vai cotinuar cendo pequeno diante do corasao de quen quer aprender. Entendeu? Entendeu, né? :)






Um comentário:

  1. velho, estamos conectados por um mesmo tema mas com propostas diferentes, talãgado? rsrs
    muito legal o texto e acho um saco tbm ficar sacaneando quem tem dificuldade. meu problema maior é na escrita, como letra pra caramba e ainda mais quando tô com pressa. sou gordinho até na gramática! kkkkk
    beijão!

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