quarta-feira, 27 de julho de 2011

E que seja perdido o único dia em que não se dançou...

Nietzsche tem razão... Qual a graça de um dia no qual nenhum minuto tenha sido usado para movimentar o corpo?

Depois de um singelo pedido de sugestão para novos posts, recebi o de Indira: Falar sobre o meu universo da dança!

Não sei se todo mundo que lê meu blog sabe, mas eu danço! Danço em casa, no chuveiro e em eventos. Sim, em eventos. Faço parte de um grupo chamado Cia Kika Toccheto e tenho a sorte de estar quase sempre acompanhada de amigas do coração que dançam na minha sintonia e compartilham a mesma energia!

Sou formada em ballet clássico e me aventurei em alguns tipos de dança até parar totalmente quando entrei na faculdade. Agora, quase me formando, tive o prazer de entrar no grupo e a minha "estreia" foi no carnaval, no camarote do Planeta Band Othon, no melhor dos estilos! Foi inesquecível!


Camarote da Band, vendo Ivete Sangalo passar de pertinho!

A experiência foi incrível. Foi visceral, na melhor das explicações! Para quem leva o trabalho a sério, pelo lado profissional, é a realização de um projeto poderoso. O esforço físico é inimaginável! Perdi alguns quilos nesse retorno, mas o feedback foi a melhor recompensa.

O ritual, do início ao fim, é prazeroso. E eu sempre fui exibida, sempre gostei de palco, de luz, de reconhecimento, maquiagem e cílios postiços! Quem compartilha disso, sabe do que estou falando. Receber um crachá com seu nome, fazer parte de uma coisa muito maior, representar um nome, fazer direito, é uma delícia! Mesmo não sendo famosa, as pessoas querem tirar foto com e de você! Você tem acesso a lugares que não teria, vê artistas de perto, é centro de vários flashes! As pessoas devem imaginar "que maravilha de trabalho!", "muito fácil, é só dançar!", "é dinheiro fácil"!

Alguns de vocês que acham fácil já pararam para pensar o quanto nossos corpos dóem após uma jornada de dança? Os machucados, as bolhas de sangue, as unhas quebradas? O maxilar dolorido em sorriso constante?

Durante as performances, o corpo fica todo contraído. Quando relaxamos, sentimos tudo repuxando. O pescoço endurece, as articulações, tudo. Pior quando temos uma maratona, como foi o carnaval. Ainda temos que lidar com alguns clientes, os que contratam, que não se importam com nosso bem-estar ou com a exposição a que irão nos colocar com suas exigências. Ouvir calada gritaria. Respirar quando dá errado e voltar ao palco como se nada tivesse acontecido. Fora as pessoas desagradáveis que te olham torto, que te confundem com outras coisas, que te oferecem dinheiro, que estragam tudo.

Isso acontece sempre? Não! É raro acontecer? Também não! Mas vale a pena? SEMPRE!

Eu não sei expressar o que eu sinto quando eu ouço "vocês vão subir agora".
Não sei te dizer o que acontece comigo quando ouço uma música e tenho que dançá-la. Não há ordem, meu corpo obedece a qualquer batida.
Se ao meu lado estiverem almas amigas, fica tudo muito mais mágico.
No palco, realmente, tudo pode acontecer. A atmosfera de quem dança é muito mais fluida, coisa linda de se ver.

Para além dos pré-julgamentos, esquecendo os rótulos que já me deram, ultrapassando os preconceitos, eu amo o que faço. E não, nem eu, nem boa parte das meninas que dançam comigo, somos putas. Não vou ser educada, o nome é esse, é assim que eu ouço, é assim que me olham. Não estou em vitrine, não estou a venda, nem disponível eu estou. Eu tenho namorado, amigas e família. Sei o quanto é difícil separar. Há meninas que dificultam a seriedade que eu procuro nesse ramo. Mas se esforcem, por mim ;)
Dançar é um prazer que me persegue. Vou morrer dançando, pois minha alma é pulsante. É uma delícia trabalhar nisso, com isso e para isso. Meu corpo é um templo. Respeito ele. Respeite também.

Apesar de algumas inconveniências que acabo vivenciando, o que sinto quando entro na personagem da Isadora dançarina, quando visto um figurino, é surreal! Portanto, minha experiência como dançarina, Indi, é a melhor possível! O antes, o durante e o depois... São todos gratificantes e apagam qualquer prejuízo físico ou moral que acompanhe o lado ruim de dançar. Além de ser BAPHO, né?

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