sábado, 16 de agosto de 2014

Não fuja dos milhos.

Quando tomamos decisões acertadas, o coração avisa. Ele libera um ventinho de conforto que corre todo o nosso corpo e abre um sorrisinho singelo. A gente entende, quando escolhemos o caminho certo, pois Deus ilumina o cantinho da nossa alma e a gente sente esse colo. É um calor interno acalentador, a gente sente isso. Eu senti. 

A gente senta para escutar com o espírito, a gente olha no olho, esvazia os pensamentos e percebe o outro com importância. Nessa hora, temos acesso a informações valiosas que se estivéssemos respondendo mensagens no celular enquanto fingimos que ouvíamos nunca perceberíamos. Nessa hora há um click e você se percebe vivendo. 

Você, em um dia especial, escolhe ouvir o sermão de um mestre e o internaliza. Você sente aquelas palavras, bebe aquelas palavras, se banha naquelas palavras e se emociona. O corpo chora por concordar, por obedecer, por assentir aquele direcionamento. Quem já passou por isso sabe o quanto esse momento é especial!

Ouvi ontem sobre o quanto estamos despreocupados com o que sai das nossas bocas. O quanto nossa fala está pobre, desmerecida, crítica e rasa. Somos bebês aprendendo a engatinhar, mal sabemos falar. Quantas vezes você colocou tudo a perder com uma palavra mal dita? Quantas vezes você não pensou para falar e foi inconveniente? Desrespeitoso? E quantas vezes você percebeu o erro e optou por não consertar?

Por todas as vezes que meu orgulho emudeceu minhas desculpas, me arrependo. Por todas as vezes que meu orgulho travou minhas pernas, me arrependo. Por todas as vezes que meu orgulho travou meus braços, me arrependo. Mas não me culpo, há a redenção. 

O Deus de alguns que castiga, em nada se assemelha ao meu que perdoa. O meu Deus me dá oportunidade para crescer, me ensina como caminhar e me dá, todo dia, uma nova chance. Ele me mostrou um caminho de luz pessoal, me levou pelo braço para uma casa de esclarecimento e eu venho aceitando todos os ensinamentos com humildade. 

O que somos nós sem direcionamento? 

Eu descobri uma coisa nesses últimos tempos. Aquele velho clichê de que colhemos o que plantamos é o que norteia nossas vidas. Parar para ouvir nossas reclamações é reconhecer nossa ingratidão de estarmos vivos. Chorar pelas dificuldades que enfrentamos é cuspir na confiança dos nossos superiores em relação a nós mesmos. Parar de reclamar, é uma lição que eu venho tentando, com fadiga, exercitar.

Quando plantamos uma semente, germina o que nós regarmos. Se plantamos uma sementinha de flor, nasce uma muda. Em um grão de milho plantado, quantos são reproduzidos por uma espiga? Prepare-se para o que você vai colher. Não tenha medo dos frutos que a sua árvore te dará. Fé!

sábado, 2 de agosto de 2014

Põe no outdoor.

Eu quero que anunciem que algumas sombras abatem meu sorriso, mas meu amanhecer não cansa de me acordar. Eu quero que anunciem que eu sempre fui uma boa menina e que isso nunca teve a ver com os outros, eu sempre me decepciono, mas Deus fez meu coração de material reciclável. Anuncie por aí que quem me viu ajoelhar, nunca vai me ver esmorecer, que meu lado exterior nunca deu liberdade demais para um mergulho nas minhas profundezas, pois eu sou poça para quem não me acrescenta e mar aberto para os meus nomeados. Anuncie, também, que quilinhos a mais na minha silhueta, rosto abatido ou lágrimas que me denunciam nunca vão me resumir. Eu quero que digam por aí que eu sou uma guerreira do silêncio, minhas guerras são vencidas no argumento, eu não mostro o corpo para me apresentar. Quero que todo mundo saiba que o tamanho do meu universo é inatingível até para quem divide um cômodo comigo e que a imensidão dos seus julgamentos jamais manchará a minha verdade. Mas não esqueça de avisar que eu também sou insegurança, que eu confio nas pessoas erradas e dou ouvido ao que me diminui. Eu escolho a roupa errada, exponho minhas celulites, dou pitaco incoveniente e perco amizades. Até me perco, às vezes, mas nunca tive a preguiça de me procurar. Gritem por aí que eu sou muito mais que um olhar atravessado e que eu não me obrigo a trocar energias incoerentes. Eu só ando com quem eu gosto, não sou de pirraça. Grite que eu sou espiritualizada e que quase ninguém vê meus rituais de fé, só a parte que importa. Coloque em um outdoor que eu sou muito mais do que sua indiferença consegue ver, que eu quero ser mãe e que sou extremamente amorosa, apesar de não concordar que todos devem ser tratados bem. Escreva aí que as pessoas que eu conquisto não tem nada a ver com você e não esquece de grifar que o que eu alcanço é muito longe pra você. Por fim, fale em segredo, bem baixinho, que eu sou humana, que eu em nada me assemelho a um pedaço de papel em branco. Minhas bagagens são mais valiosas que pesadas e meu caminhar quase não deixa pegadas. Só me segue quem eu chamo, jamais quem me vê, simplesmente, passar. Viu? Eu já me perdi de você.

sábado, 24 de maio de 2014

Eu sou interesseira


Eu sou uma pessoa totalmente interesseira.

Quando eu olho para alguém ou ouço histórias ruins sobre uma pessoa, eu logo penso: "Não quero ser amiga dela" E, normalmente, não sou mesmo. 

Não adianta o falso sorriso, o aperto de mão forçado ou os dois beijinhos convenientes durante um encontro casual em qualquer lugar da cidade. Não adianta, moça, eu não vou me convencer. Eu só quero quem conhece a verdade e trabalha pra ela. Eu só quero quem olha de frente, detesto quem olha de canto. Eu só me interesso pelo sabor da tranquilidade de uma conversa do bem. Essa coisa mesquinha de falar por educação não presta! Sempre vou partir do pressuposto de que eu falo com quem meu coração quiser. E meu coração não quer gente como você!

Eu não ligo para signo, eu confio em escorpianos, por exemplo, apesar de todo mundo dizer que eles são falsos. Minha amiga mais antiga é de escorpião, ou seja, eu não ligo mesmo. Mas eu ligo para gente que não gosta de bicho, por exemplo. Ou melhor, eu desligo na cara! Não gostar de animais, para mim, é inversamente proporcional a ter um bom caráter. Acontece o mesmo com quem não gosta de crianças. Aí eu vasculho, pergunto ali e aqui para saber melhor. Sabe como é, né... Eu sou interesseira.

Sabe o que mais? Eu não gosto de gente que fala alto demais. Eu gosto de gente que conversa direito e, quando a conversa beira o rumo do humor, o tom sobe mil decibéis por conta das risadas!! Aí eu gosto! Mas gente que grita me bate o maior preconceito... Gente que quer aparecer mais do que a noiva, que quer roubar a atenção do namorado da menina, que quer posar disso ou aquilo, que divulga vida perfeita no instagram. Esse povo me dá calafrios. Aí eu fico observando... Eu fico medindo tudo na primeira impressão para ver se vou querer aquela pessoa na minha vida. Normalmente, eu não quero, mas quando alguém me interessa eu acho, mesmo, que descobri uma mina de ouro! Aí eu carrego água no cesto para essa pessoa nunca ir embora e gostar muito de mim. Sabe como é... Gente interesseira.

Ih... Eu quase nunca gosto de quem tem muitos amigos. Aquela máxima de que quem tem muitos amigos, não tem nenhum, é uma filosofia de vida para mim. E todas as vezes que eu me interessei em adicionar alguém na minha vida, essa pessoa sempre tinha poucos e MARAVILHOSOS amigos. Isso não pode ser coincidência. Essas pessoas são raras de se encontrar e de se conquistar. São leais aos seus, isso me encanta! Portanto, eu digo não a quem tem mil amigos no facebook, é seguida por dez mil desconhecidos no instagram só para ter curtidas, ou tira foto com uma galera diferenciada a cada fim de semana e não deve conhecer a mãe de nenhum deles, tenho certeza! As mães dos meus amigos são figuras! Tem Rai, dona Neuma, Tia Clotildes, Tia Bárbara, tem os irmãos das amigas que tiram sarro da gente ou que viram nossos amigos, tem os primos e tem os amigos que nossas mães consideram filhos! Gente assim eu quero pertinho!

Aí, no fim, eu sempre faço parte das emburradas. Palavra essa que eu nunca entendi direito. Parece uma pessoa que está burra momentaneamente, só por estar de cara fechada. Eu entro no recinto neutra, meus sorrisos são tão valiosos que é muito raro eu presentear alguém com a minha sinceridade aberta. Eu vejo quem está lá, eu vou tateando o local, fazendo um raio-x das pessoas e vendo onde vou me sentar, com quem eu quero conversar. E se só for um vão com idiotas, me sentarei comigo mesma e iniciarei meu Minions Rush feliz da vida atrás de baçãs. 

Sempre tem alguém que me julga anti-social, emburrada. Burra é você! Eu sou interesseira. E você não me interessa :)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Aceite.

ACEITAR, essa talvez seja a iniciativa mais libertadora que há para se tomar na vida. 

Aceite que por mais que doa em você uma palavra, uma atitude ou uma despedida, o outro jamais terá acesso a isso ou compartilhará na mesma medida. Seu coração tem uma impressão digital que é só sua, ninguém sente o que você sente, você não sente o sentimento de ninguém.

Aceite que qualquer relação é feita do que você sente pelo outro. Isso talvez nos faça entender o motivo de algumas pessoas permanecerem em namoros/casamentos falidos. Enquanto eu amo o outro, eu estou ali. Não importa se ele não me ama mais, é o que eu sinto que sustenta. E é assim com todo mundo. É a tal da impressão digital do coração...

Aceite que sua família jamais fará o que você queria que ela fizesse, ou agirá de acordo com os seus planos. A família desaponta, mas saiba reconhecer que ela é a única que sobrará quando nada mais fizer sentido. "Mãe é mãe" silencia qualquer mágoa e é eficaz contra dúvidas.

Aceite que os outros jamais se compadecerão totalmente das suas lamúrias. Suas quedas podem ate ser amparadas por bons amigos, mas ele vai almoçar na hora de sempre e assistir a novela, enquanto você chora até emagrecer. Isso é normal. Não espere que alguém ajoelhe com você na sua fé. Essas pessoas são como anjos da guarda, nem todo mundo tem a sorte de sentir suas presenças.

Aceite que uma música vai te remeter a uma história mal resolvida. Que ela vai te fazer lembrar do que você tentou esquecer e que ela é o portal mais seguro para o passado. Mas lembre-se, também, que ela é a cura. Tenha sua lista pessoal para chorar. É muito mais eficaz que uma boa dose de remédio para dormir. Não a culpe pelos seus efeitos. Você vai agradecê-la na hora certa.

Aceite que confiar totalmente em alguém não significa que ela nunca fará nada para te magoar. Eu confio totalmente em você, mas isso não significa que você andará na linha, não é mesmo? Mas confie, mesmo assim. E confie sabendo que você não confia 100% em ninguém. Mas é em ninguém mesmo! O máximo que chegamos é 99% e esse 1% é seguro, normal e saudável. É ele que vai sustentar seu corpo quando a mentira te boicotar.

Aceite que TODOS os sentimentos negativos que chicoteiam sua fé no próximo só te atingem se você permitir. É compreensível que a tristeza abrace forte seu corpo incrédulo, mas é vergonhoso deixá-la conduzir seus pés. Não há ninguém no mundo que possa fechar sua porta para o mundo, a menos que você dê a chave. Ninguém merece sofrer no lugar de um outro ou pagar por algo que não fez, não faça isso com ninguém. Mas também não se deixe substituir uma velha insegurança. Novas histórias só podem produzir novos livros. Plágio é crime na vida também.

Aceite que alguns dias serão péssimos. Não desconfie dos bons. De vez em quando nos enviam oportunidades muito distintas de sentir na pele o quanto a vida é maior que aquela briga de ontem ou a chateação na fila do banco. Respire a mudança, respire a segunda chance. É muito injusto que um dia maravilhoso seja alvo do seu lado negativo que sopra em você a insegurança do que virá.

Aceite coisas que você não pode mudar. Isso é FUNDAMENTAL. Aceite pessoas que nunca ouvirão seus conselhos, é um direito delas. Aceite pessoas que não conseguem penetrar no que você sente e ficam ali, no raso das suas palavras. Elas jamais vão mergulhar no seu mundo, pois não aprenderam essa habilidade. A zona abissal de todo mundo dá medo. 

Aceite pessoas que não se colocam no lugar dos outros. Talvez jamais tenham se colocado no lugar delas.

Aceite a morte como renúncia. Aceite a saudade como lembrança. Aceite a dor como prova. Aceite o amor como fé.

Mas jamais aceite uma injustiça. Jamais aceite ficar imóvel diante de algo que você pode mudar. Jamais aceite que desconstruam seu melhor lado. Jamais aceite que alguém te ensine o caminho do mal ou, pior, que te convençam da idiotice que é seguir o caminho do bem. Ninguém é idiota por acreditar no outro. O nome disso é caráter. Aceite o seu.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Pense com carinho


Pense com carinho nesse ano que passou. 

Pense com verdade e seja honesto com sua memória. Eu espero.

(...)

Lembre dos seus erros ou, pelo menos, os mais graves. Ainda dá tempo de consertar tanta coisa. Ainda dá tempo de interceder! Ainda dá tempo de pedir perdão e de olhar nos olhos. Dá tempo de voltar atrás, de alcançar. Dá tempo de reconstruir, de sarar com beijinho. E daí que já passou muito tempo? Se você ainda lembra, aquela pessoa também deve lembrar. 

Lembre dos seus amigos. Lembre daquele irmão de vida especial. Resgate, em slow motion, aquele sorriso compartilhado, aquela tarde tão ordinária com seu melhor ombro. Lembra daquele segredo? Da primeira vez que você o compartilhou? Ele permanece seguro? Que bom, você tem um amigo! É mesmo uma bênção essas companhias, não é? Sorriso!

Lembre do seu amor. Você já o desculpou? Você já se entregou até ser levada pelo vento? Você já pensou que todas as chances de perdê-lo estão por aí? Sabe aquele dia que você cedeu? Sabe aquela vez que você lembrou do tamanho do sentimento que intenciona para alguém e isso foi suficiente para cessar uma discussão? Sabe quando estar certo ou errado é bem menos importante do que ficar bem? Isso é ouro.

Lembra da sua fé? Lembra daquela vez que você chorou sozinho? Aquela vez que a voz da desistência era muda diante do grito da perseverança? A gente consegue, não é? Lembra do frio glorioso que arrepiou sua pele cansada quando você se ajoelhou para pedir força? Era a sua fé te lembrando de viver. Tenha fé em você e no que virá! 

Lembra da sua família? Aquela que faz a lasanha queimada de domingo ser o pico da semana! Que assiste com você a novela das 9 brigando com todos os personagens como se isso fosse resolver! A sua família que te proibiu de ter o primeiro cachorro por causa das alergias e que limpa, mesmo reclamando, a sujeira do pandemônio que você chama de quarto!

Lembra da sua primeira babá? Lembra de como ela te olhava? E de quanto amor existia na relação de dois estranhos? Ela ainda existe na sua vida? A minha, sim! Lembra dela! Se não puder fazer contato, emana amor. Ajuda tanto...

E da escola? Lembra da sala de aula? Da segunda casa com cara de bagunça? Lembra dos colegas e professores? Dos funcionários que faziam piada, que emprestavam livros e serviam café! Lembra das provas de sábado e como achávamos que a vida era difícil? E agora, o que acha dela?

Lembra dos seus sonhos. Quantos deles ficaram para trás? De quantos você desistiu? Ainda resta algum? Plante-os! 

Lembra das coisas boas, equilibra, agora no finalzinho, esse ano inteiro de mágoas e acontecimentos, de conhecidos e de rompimentos, de bares, rodas de conversa e despedidas. Puxe FORTE todos os aprendizados. Não persista no erro, ele te atrasa. Tenha olhos de compaixão. Seu abraço vale ouro! Sinta empatia, isso te diferencia. Seja amigo. De verdade! E seja amor.

Um fim de ano mais do que especial para vocês. Um fim de ano sendo o que se é!

Isa.


sábado, 26 de outubro de 2013

Amor à vida... Tem certeza?


Eu adorava a novela Amor à Vida - sou noveleira mesmo - mas de uns tempos para cá ela vem se tornado ridícula!! Existe uma homofobia velada na trama que transforma "milagrosamente" todos os gays em machos pegadores! Até Félix, o mais afetado do elenco homossexual de personagens, volta e meia dá umas pegadas na ex-atual esposa e cairá, mais tarde, nos braços da médica. Heron, o gay casado, após anos de relacionamento cai de amores por uma médica HIPÓCRITA, extremamente desequilibrada e a trai, sem pudores, em sua própria casa. Fora a exagerada parcimônia daquele Bruno, marido de Paloma, que é tão macho e correto em 90% da sua vida, mas não consegue dar uma dura resposta à altura das investidas de Aline, a feiticeira, e fique parecendo um adolescente quando a madrasta da esposa banca o mulherão. Pera aí, né??? E Pilar? Eu não duvido nada que após todas as maldades de Aline, César volte como vítima para a mansão dos Cury e Pilar estará lá, submissa, traída e orgulhosa pelo retorno do provedor. Sem contar com a pobre da Perséfone, que vive a vida de uma "gorda frustrada" que entrou na vida adulta completamente virgem. EM QUE MUNDO ESSE POVO VIVE? Aí ela encontra o tal do príncipe, que aceita, em menos de um mês, o conto de fadas fake que ela propõe, casa com a mulher que ele nem cogitava ter algo a mais e, em três dias, já está arrependido e quer que ela vire magra. Príncipe esse que enfrentava todos os preconceitos que sua irmã Linda, uma autista, vivia e peitava todos que duvidavam de sua capacidade ou a inferiorizavam. ESSE príncipe não consegue lidar com uma esposa acima do peso? JURA? As piadinhas são PIORES do que a discriminação que sua irmã sempre viveu? Não concebo! E ontem foi o estopim, para mim! A querida enfermeira, mãe do palhaço QUE É UM PALHAÇO MESMO, apresentaaaaaando maquiagem para pacientes com câncer. O que eles querem dizer com isso? Que eu saiba, mulheres que são acometidas por essa doença não tem sua capacidade cognitiva atingida. Elas não sabem o que é um blush?? Como e onde passá-lo? 

Tem a tal da Tetê que é a contradição em forma de mulher. Obriga a filha a casar com o "milho" e, mesmo vendo sua cria aos prantos por amar outro homem, bate o pé que um dia ela se acostuma com a vida que ela escolheu pra ela. Em compensação, não larga seu Gentil. Um "mendigo", com os bens todos congelados, cafajeste, mentiroso. E o principal: quer ele com ela, vendendo hot dogs, grita para quem quiser ouvir que não quer o seu dinheiro, muito menos que ele a sustente, pois "comprou a casa com o seu próprio suor e tem muito orgulho disso". OI?

E a filha de 1820 do dono do bar? A santinha da atualidade. A mulher burra véia, com a mãe mais rodada que noticia ruim, cheia de segredos familiares! 

A novela toda é um exagero. 
Ensina que os gays tem "cura", basta uma super mulher cruzar o seu caminho.
Ensina que as mulheres precisam colocar a estrutura de um casamento antes do que tudo, até dos seus princípios. E que não importa se o seu marido a traiu com sua secretária, a engravidou, largou você depois de uma transa e casou com ela. Você deve ter a esperança do seu retorno e se sentir grata caso isso aconteça.
Ensina que estar acima do peso é a pior coisa que pode acontecer com você.

EU SEI que novela é ficção. Que os autores tem todo direito de criar o que quiserem, mas eu me preocupo pelo poder de persuasão das tramas que assistimos em pessoas mais desavisadas. Tem gente que acredita naquilo, que segue, que se inspira. 

Aí eu te pergunto... AMOR À VIDA? Me apresente alguém ali que ama a vida que tem. 

Pois é, ninguém.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Pelo direito de falar


"Você está me analisando?"

Há cinco anos eu adentrava uma sala de aula e dava meus primeiros passos rumo à psicologia. Por cinco anos, me dediquei completamente a uma profissão que me enchia os olhos. Eu sentia orgulho de pensar que, em alguns anos, eu me tornaria um deles. Estudava com afinco todos os livros que me passavam, todos os textos e artigos científicos. Fiz todas as provas e trabalhos visando tornar-me aquela que teria o dom das palavras. Eu lapidei minha mente, treinei meu respeito ao próximo, quebrei milhões de barreiras, tudo isso para olhar para os outros com mais curiosidade, menos julgamento. Eu estreitei minha relação com os amigos e com minha família. No fim da jornada, eu me sentia realmente preparada, pelo menos para começar.

Formada, eu ouvi diversas vezes falas tão chatas ao meu respeito. Eu acredito, de verdade, que muitos profissionais de outras áreas sofrem alguns preconceitos, mas com nós, psicólogos, o buraco é tão embaixo que eu sequer entendo de onde ele possa vir. Ou até entendo, mas prefiro fingir que não o vejo.

Eu já ouvi dentistas falando que em casamentos sempre tem alguém que o aborda para dizer que está com uma dor no dente há meses "o que será que deve ser?", perguntam entre uma drinque e um bem-casado. Já conheci médicos que não revelam suas profissões em uma roda de bar para que não se inicie aquela velha e chata consulta coletiva. Ou até os pobres advogados, sempre recebendo ligações de queridos amigos com dúvidas sobre uma lei ou um processo. Eu entendo essa chatice, mas percebo que todos pecam pelo excesso. Eles confiam em seus cargos e querem que façam hora extra.

Com os psicólogos é diferente.

Percorremos um longo caminho e aprendemos sobre o poder da cura pela palavra. Somos treinados, como em um exército, a apurar nossa escuta e dar um valor absurdo a tudo que é dito. Somos ensinados a interpretar, a nunca entrar em contato com o sofrimento do outro de maneira irresponsável. E o que acontece quando descobrem que somos psicólogos? A censura.

Eu sinto um extremo pudor de alguns em ter uma conversa informal comigo e fazem a célebre pergunta "você está me analisando??" quando emito uma opinião, como se isso fosse um crime. 

SIM. Eu, como psicóloga, provavelmente vou analisar o que você está me dizendo. É isso que eu faço! Foi para isso que eu estudei. Assim como você nunca fará um exercício errado na academia sem que um educador físico o corrija. NÃO. Isso não significa que estou te colocando em uma terapia-forçada-temporária. Isso só significa que minha opinião sobre o que me dirá nunca será preguiçosa. 

No início, me sentia mal por ouvir: "Deus proteja quem namorar uma psicóloga!". É tão ruim assim conversar com alguém que realmente goste dessa atividade? O receio que alguns tem de que eu os analise me parece sintomático e, sim, estou analisando eles agora. 

Não me sinto responsável pela melhora de ninguém, mas se você, meu caro, sentar ao meu lado e quiser conversar, não posso te ouvir despida de quem eu sou ou de quem me tornei. Eu sou uma psicóloga e meu ouvido não é uma peneira: tudo que passa por ele vem no grosso, com mil sequelas, e eu me interesso por todos os detalhes.

Realmente, eu admiro quem se aventura a conviver com uma psicóloga informalmente. De fato, temos resposta para tudo e - normalmente - dominamos a arte da fala e da conversa. Mas você já parou para pensar que pode ser muito interessante conviver conosco? 

Não somos alienígenas nem leitores de mentes! Não temos intenção nenhuma de piorar uma situação ou prolongar uma discussão. Nos deixe falar! Muitas vezes reconhecemos que a melhor opinião é o silêncio. Nós também sabemos calar.

Não quero, com esse texto, atestar nenhum nível de superioridade da classe. Falo por mim, pelas minhas experiências. Não é ruim ter uma namorada psicóloga, ou uma amiga, filha, prima, o escambal! Aproveitem a oportunidade como todos aproveitam de outras profissões por perto. Eu também sei dar opinião informal, também sei ser amiga, namorada, filha e uma ignorante. Eu não sei ser SÓ psicóloga.

"Será que eu sou maluco?" "Você acha que ele é psicopata?" "Ela é bipolar, né?"

Todas essas perguntam só podem ser respondidas com acompanhamento. Todo psicólogo que respeite a profissão sabe que não é possível analisar ninguém pelo depoimento contagiado da mídia, por exemplo, ou após uma simples discrição de um caso na pizzaria. Eu quero poder abrir a boca sem que ninguém me veja do outro lado do divã, com um caderninho, exercendo a caricatura de algo que eu não tenho a pretensão de ser. 

Antes de ser psicóloga, eu sou Isadora. Também tenho opiniões com base no que eu vivi, no que eu experimentei, e não apenas no que li em livros ou exerci em terapia. Então...

"Eu posso falar?"
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...