terça-feira, 2 de julho de 2013

Você sabe quem é o seu inimigo?

Você passará uma vida inteira, após a primeira decepção, procurando um algoz. Determinará, em cada vacilo de outrem, quem te importa e quem pode ficar para trás. Deslizará entre todos aqueles que atravessarem seu caminho com seus julgamentos intactos, muito bem resolvido com suas reflexões. Permanecerá fiel à sua mente inquieta, ao seu orgulho rochoso. Quem merece sua retórica? Quem alcança o seu perdão?

Caminha sobre pedras que você mesmo encaixou, forma, sob seus pés, uma trilha empoeirada de arrependimentos e lembranças que nunca te deixam ir totalmente além, muito menos reconhecer a necessidade de retroceder.

Aponta suas opiniões em uma linhagem cautelosamente imperativa. Ordena os seus passos, os outros passos, quem passa e quem já passou. Esconde seu rabo entre as lamúrias de um ser desajeitado, convicto de suas próximas pegadas, mas totalmente alheio ao processo de caminhar. 

Baterá o telefone como quem bate no rosto de um criminoso. Alçará pensamentos negativos por aquele que te deu amor. Desistirá de planos por falta de merecimento, negará abrigo a quem te abrigou. Ainda assim, inflará o peito de medos e fingirá uma coragem fragilizada, puro carnaval. Perseguirá todos os monstros em pessoas específicas, quebrará todos os vidros que protegem suas jóias, tudo em nome da moral. 

Vira oceano quando precisa da profundeza fria de sua zona abissal. Vira lago ao deparar-se com a necessidade impulsiva de voltar às suas origens. Transforma-se, rapidamente, em vento quando precisa ir embora. Quero ver se transformar em árvore: fincar raízes e permanecer. Aguentar a ventania, o abandono de suas folhas, o nascimento dos seus frutos, o furto dos seus galhos, os pássaros que te golpeiam e ficar ali.

Adianta? Adianta correr uma vida inteira atrás dos malfeitores quando o monstro mora em você? Adianta deixar-se sabotar na tentativa pífia e covarde de culpar os outros? Não pode ser tão doloroso assim olhar para dentro. Ou não deveria.

O destino do acusador é sempre a solidão. No fim de todos os dedos apontados, nem você sobrará. Tornar-se sincero consigo mesmo é o primeiro passo para viver em paz. Tornar-se sincero com os outros, é o primeiro passo para o paraíso. 

É importantíssimo descobrir quem é o monstro na sua frente. Mas nunca esqueça: você também é o monstro de alguém.




domingo, 30 de junho de 2013

Oração ao amor

Há um fio de destino que me separa de você. Uma linha tênue entre o que sou e o que gostaria de ter sido para você, querido. Há em mim uma vontade maternal de ter sido o seu anjo da guarda, o enviado para você, para assistir sua jornada em direção à Terra. Gostaria de ter estudo para ter feito sua ultrassom e ouvir, pela primeira vez na vida, a batida do seu coração. Depois, puxá-lo do primeiro lar que essa vida te deu e ser a responsável por apresentar a você o nosso mundo, embora seu primeiro choro partisse meu coração. E aí desvanecer feito poeira, transformando-me em uma criatura imperceptível para, em silêncio, acompanhar seus primeiros dias em casa, feito papel de parede. Imóvel, enfeitando a sua visão diária e sendo seu castelo. Não há mal que me impeça de desejar ter sido seu primeiro Natal ou o pisca-pisca que brilhou seus olhos naquela noite. Eu queria ter sido o seu presente de aniversário, aquele que você esperou tanto, para, ao me desembrulhar, presenciar o seu olhar descrente de alegria e satisfação, seguido pelo sorriso da gratidão. Eu queria ter sido sua primeira bicicleta e ser a responsável por fazê-lo sentir o prazer do vento no rosto. Eu queria ter sido a primeira menina que fez o seu coração bater mais forte para introduzi-lo ao amor. Mas eu não queria ficar apenas na sua infância. Eu queria ser o travesseiro que abafou seu primeiro choro escondido, aquele que ouviu seus pensamentos mais dolorosos. Eu saberia te dar o conforto que precisava, eu sei que saberia! E que Deus me perdoe, mas eu gostaria de interceptá-lo para que nunca perdesse ninguém que te fizesse muita falta! Eu queria ter sido a inspiração para sua primeira composição e o seu time de futebol. Vê-lo me cantar ou gritar meu nome, vestir minha camisa e me encaixar em uma melodia bonita. Ser suas músicas favoritas e vê-lo resgatar-me das suas memórias diariamente no chuveiro, no caminho para a escola ou na praia. Vê-lo irritar-se profundamente por não lembrar de um dos meus versos. Eu queria ter sido seu primeiro banho de mar! E ter impedido suas quedas de árvores e tropeções vergonhosos. Quem dera eu fosse a consciência que te impedisse de errar ou caminhar para o arrependimento. Fosse eu o vento que levou sua primeira lágrima de amor ou a areia riscada com o seu nome. Eu queria ter sido o seu primeiro carnaval e a sua primeira oração de fé. Que convocasse meu espírito no agradecimento e no desespero, que eu fosse fonte de esperança e calmaria, sua maior alegria. Gostaria tanto de ser o impulso que precisa para os seus sonhos, qualquer coisa que desencadeia um sorriso seu. Eu gostaria de ser o tempo que te envolve.

A sensação, meu bem, é a de que o mundo não sabe cuidar de você como eu saberia. E a certeza, querido, é a de que eu estragaria a pessoa que, hoje, eu amo. Por não saber como negar-te seus desejos ou apresentá-lo à solidão, moldaria você de um jeito genérico. Por tanto, não sou nada disso. Abro mão do meu querer pelo seu ser e sigo assim, sendo aquilo que me cabe. 

Devolvo você ao mundo da mesma forma que o roubei para encaixá-lo nos meus devaneios. Por não caber, peço que siga suas pedras. Você sabe ser você melhor do que eu. 

Vou sobreviver.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Pelo fim da ditadura dos opostos.


Vamos ser radicais: Não há nada nesse mundo que me convença a atração dos opostos, e quando falo em opostos é para ser literal: Não pode só não curtir algo do outro, mas tolerar, tem que não gostar MESMO. Absolutamente nada me convence que a menina que é super caseira, ama filmes de comédia e ouve Maria Gadú para varrer o quarto permanecerá por muito tempo com um funkeiro, farinha de festa e adepto ao beber até cair. 

O amor que se constrói entre duas pessoas pode, no início, até fazer a bailarina cair de amores pelo DJ de raves, mas eu bato aposta: não vai durar. E eu vou te dizer o motivo: o ser humano é construído em cima de uma base muito frágil, conhecida como INSEGURANÇA, e quando a gente se percebe não sendo o modelo de pessoa que a gente acha que aquela pessoa gostaria de ter, quando a gente percebe que não se encaixa em nada da vida dele, é essa base que nos acorda para as possibilidades.

Só há duas justificativas, na minha opinião, para explicar quando dois opostos dão "certo": eles não eram tão opostos assim ou, pelo menos, não conheciam outras opções e, ao conhecer, gostaram, portanto... Não eram opostos, apenas distraídos. A segunda opção para desvendar a permanência duradoura de dois opostos em uma vida amorosa provavelmente está ligada ao fato de algum dos dois estar anulado na relação, o que já profetiza um fim.

Se você olha para quem está do seu lado e pensa: "isso não vai dar certo", provavelmente não dará. É besteira achar que você conseguirá, da noite para o dia, trocar sua Katy Perry pelo Caetano Veloso dele, a não ser que você, de fato, simpatize. 

O nosso oposto, logo de antemão, já representa o que não queremos ser e não o que não pensamos em ser, pois, no segundo caso, há uma falta de interesse que pode ser revertida. Eu amo os animais e alguém que maltrata eles nunca me atrairia. É com esse nível de oposição que estamos lidando. 

Aí você se arrisca, quer insistir na relação com o seu contrário e, logo ali na frente, encontra uma encruzilhada: deixar de ser quem é, para trilhar o caminho do outro, se anulando, ou soltar a mão dessa relação que não era nem para ter iniciado. Digamos que você é louca e opta pela primeira opção. Sabe o que vai acontecer? Lá na frente você vai ser invadida constantemente por uma sensação de não-encaixe que você nem saberá de onde veio e isso vai consumir seus pensamentos, suas ações e sua energia. Você vai se perceber tentando, ao máximo, ser o projeto de mulher ideal para ele que não é o homem ideal para você. E quando isso dará certo? Nos meus cálculos, nunca. É como uma cenoura que tenta ser a melhor maçã para um tomate que pensa ser um hambúrguer. TUDO sai do eixo, pois não há coerência e você, provavelmente, está perdendo seu tempo com alguém que está acomodado em ser ele mesmo.

A graça de um relacionamento saudável sempre girou em torno das descobertas. "Hum... Ele é espírita e eu, católica, mas sempre tive curiosidade. Acho que vou acompanhá-lo em um centro." Olha que bacana, novas experiências! Agora o "Hum... Ele passa o dia inteiro trancado dentro de casa, na frente de um videogame e eu me sinto péssima! Mas ainda que eu ame o ar livre e tenha planejado viver em uma casa nas montanhas, acho que posso me esforçar para mudar o que eu gosto." é caixão e vela, fia.

Ninguém consegue sustentar a auto-estima no alto se não conseguir ser o que ele nasceu para ser. Todos temos inclinações e, mais cedo ou mais tarde, acharemos pessoas com gostos e atitudes parecidas com as nossas para uma convivência leve e harmoniosa. Isso serve para amigos, também. Relacionar-se não é para opostos, pois relação é uma troca e a gente não sai no lucro quando trocamos o que amamos por algo que não nos representa.

Portanto, se você se apaixonar por um suposto oposto, procure nele suas semelhanças. Se achar, bingo! Se não achar, meu bem, dê meia volta. Gastar tempo e oração com alguém que nunca vai ser o que você quer que ele seja -  e ele tá certo! - é maluquice. O grande prazer da vida é assumir nossas vontades! E isso serve para você e para ele! ;)



sexta-feira, 7 de junho de 2013

Não se faz mais pessoas como antigamente


Há mentirosos, caminhada fatal na calada da noite, faca na mão de primogênito, olho na herança. Há agressores, ameaçadores doídos por uma nota baixa que ele mesmo tirou, jogadores de cadeira e destruidores de futuro. Há ausentes de responsabilidades, pessoas sem tempo para nada, geradores de filhos criados por babá. Há falsos sorrisos, abraços fracos, ligações perdidas e sensação constante de solidão. Há um reflexo distorcido do que você acha que deveria ser, frustração fabricada, insegurança e auto-estima rasteira. Há corpos desesperados por uma atenção duvidosa, donos de um movimento falso-feminista equivocado, perdidos. Há um rebanho seguindo um péssimo hábito de cultivo intenso ao corpo e desgaste cognitivo natural, portadores de um peitoral enorme que só guarda reflexões instantâneas, cada vez mais fasttalkHá socos e pontapés. Términos por falta de interesse na solução, preguiça e alta rotação. Há fotos no facebook, cobranças no whatsapp e nenhuma interação cara-a-cara que faça reconhecer aqueles dois nas declarações profundas da internet. Há crianças agindo como adultos e adultos com temores infantis. Há quem grite apoio por causas animais. Só. Há quem levante a bandeira do "bem feito" ao presenciar a justiça sendo feita pelas mãos de um outro. Há quem se compara, inconscientemente, ao acusado no segundo que sente prazer ao vê-lo sofrer. Há quem não acredite nos Direitos Humanos. Há psicopatas sociais sentados ao seu lado. Há mentiras brancas, tapa-olho e hipocrisia. Há quem curte o fingimento, atualiza diariamente suas ilusões e mente para si mesma. Há insatisfações patológicas, agressões verbais gratuitas e apologia ao bullying. Há quem acha uma bobagem essa coisa toda ao redor dos menores infratores. Há gente com cansaço para mudar de opinião, regendo o mundo através de empurrões ignorantes, reflexo de sua vivência rasa. Há muita indignação, descrença no outro, mortes rápidas, sentimentos efêmeros. 

Há tanta saudade.

Há saudade de um carinho amoroso, falta do olhar de um bichinho de estimação, da certeza de que podemos confiar. Há saudade de ruas mais tranquilas, de problemas mais distantes e gente de verdade. Há saudade da verdade. Há saudade das festas no playground e das gincanas no colégio. Há saudade do colégio que era, realmente, a segunda casa. Há saudade dos porteiros e das aulas de educação física. Há saudade da formatura e da infância. Há saudade de ir em frente. Há saudade de não ter medo. Há saudade de quando todo mundo era mais presente, da piscina e do peixe frito nas praias. Há saudade de quando todo mundo se amava muito, se preocupava com os outros e TAMBÉM com os animais. Há saudade de quando sem maquiagem era bonito e ninguém sabia se maquiar. Há saudade de quem se foi, mas ainda permanece. Há saudade de quando pai e mãe era respeitado e fazia jus a esse respeito. Há saudade de quando havia mais fé. Há saudade da leveza.

Que planeta adoecido esse que vivemos. Eu sou, muitas vezes, objeto de repúdio para mim mesma quando me percebo caindo na armadilha desses maus pensamentos. E me sinto, quase sempre, uma estranha no meio de tantas pessoas conformadas. Mas não posso deixar que o patológico se torne algo natural e vou persistir no meu pequeno território. Onde eu piso há muita reflexão. Onde eu caminho há muitos arrependimentos e pequenos concertos. Onde eu ando não é permitido auto-ofensas e "pensar melhor" é sempre o melhor trajeto a ser seguido. Onde eu estou há pausas. Às vezes, há rancor. Mas há, mais ainda, muitas chances.

Há tanta esperança...


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Não se faz mais filmes de terror como antigamente...

Estou arrasada. Virada no car**** com esses filmes de terror. Aliás, com esses filmes que se DIZEM de terror, pois muitos deles beiram a comédia. Eu sempre fui, desde muito nova, uma adoradora dos filmes dessa categoria e venho me desapontando seriamente com o que venho vendo nas telinhas. Antigamente, eu via um filme de terror e não conseguia dormir e essa era a graça de assistir, pois eu sempre fui chegada a ter medo, me assustar etc. Já chorei de medo assistindo, gritei de arder a garganta e, hoje em dia, quando muito... um pulinho de vez em nunca na cadeira do cinema.

Os três últimos que foram lançados, francamente... O primeiro deles foi MAMA:


O enredo é até interessante, a ideia da história até colaria se o personagem não fosse tão uma versão zumbi dos looney tunes, onde um personagem de desenho invade o mundo real. Eu arriscaria dizer, EXCRUSIVI, que as meninas assustam MUITO mais em termo de imagem do que a própria MAMA, assim que elas são achadas.

Duas crianças crescem na floresta após o seu pai tentar matá-las e elas serem salvas por MAMA. Ok, até aí tudo bem. Aliás, o filme é FANTÁSTICO até MAMA mostrar sua verdadeira face para o público. Ela assusta muito mais enquanto permanece na penumbra da noite, na sombra das paredes e no canto dos olhos das meninas.

Ainda assim, após a revelação, o filme tem um final inesperado - pois não é no estilo o bem sempre vence o mal - e você até desenvolve uma peninha de Mama e acaba sendo um dos melhores, na minha AOMILDE opinião, do gênero ultimamente. Pelo menos esse tem uma história massa que te envolve, já os outros...

O outro que assisti, logo em seguida, foi a Morte do Demônio:

Que mentira, minha gente. De apavorante, o filme não tem NADA. Eu juro que, inclusive, ouvi gente dando risada no cinema. 

OK que eu sou carne de pescoço, mas eu assisti a película apavorante (uiii!!) comendo um delicioso prato do Pasta Fast, um macarrão com molho branco, frango com camarão que, rapaz... Estava bem mais interessante! 

Tudo bem que ele é uma "nova visão" de um filme de terror de 1981 e que se a gente assistisse ele hoje, entraria facilmente na categoria de trash, eu imagino.

Inclusive, cometerei a gafe de comentar sem ter assistido o original, mas vamos lá. 

Derrame muito sangue, mas muito sangue mesmo, misture com vômitos, membros arrancados na tora e muita safadeza de uma demoniazinha de colegial e TCHARAM! Essa é a morte do demônio! 

Ok, se era para ser trash, eu respeito. Ele alcançou o objetivo. PORÉÉÉÉM, acho que eles não tinham isso como alvo, era para realmente ser um filme apavorante e... QUÉN, QUÉN, QUÉN, QUÉÉÉÉÉN....

Não há história, enredo, nada que sustente a sua atenção no filme. Todas as cenas são imagens bizarras de um demônio lésbico-drogado que fica pregando peças em todos, faz uma chuva de sangue e uma grande fogueira no final.

O último que eu assisti foi O último exorcismo - Parte II:

Ói, que raiva, viu? Que desgrama de filme UÓ foi esse? Pense no dinheiro perdido? Mas, minha gente... Esse aí não tem condição não! Primeiro que essa imagem do cartaz não existe no filme e eu DETESTO quando isso acontece, propaganda enganosa. Segundo que, veja bem, a parte I desse exorcismo, em 2010, foi até um sucesso a parte, mas desconfio que o motivo tenha sido o final sem respostas que ele dá. Esse aqui foi inventar de dar um desfecho, deu uma merda da porra.

Essa piranha beata, porque é isso que ela é, dá uma de santa durante o dia e vira primeira dama do inferno durante a noite. Mas é uma parada tão sem pé nem cabeça que, sinceramente... Me tirou do sério! 

Primeiro que ela é possuída pelo demônio Abalam e eu já não quero nem ler sobre ele!!! Pelo visto, é um peixe pequeno adolescente do inferno, novato nessa onda de exorcismo... Se apaixonar pela possuída? UM DEMÔNIO APAIXONADO PELA POSSUÍDA? Onde foi, em 23 anos de existência, que eu achei que fosse viver para ver isso? Coloca logo na categoria de comédia romântica, marvejasó!!! 

Ele USA as pessoas que ela ama para CONTAR a ela sobre o seu amor. O SEU AMOR! As pessoas que ela ama se matam para que só reste ele para ela amar. Não está acreditando? NEM EU! Aí no fim das contas, sabe o que a piriguete endemoniada faz? Aceita o casamento. ELA ACEITA ABALAM COMO SEU LEGÍTIMO ESPOSO ATÉ QUE... NADA OS SEPARE! Aí sabe o que ele faz? Dá os poderes dele para ela. Quer dizer, né...

Isso dá trama para novela das 8, dá não? Aí a fofa, agora que virou namoradinha do diabo lá, sai pela cidade tacando fogo nos arbustos e ouvindo rock'n'roll. Ohhh!!! Como ela é malvada!!! E fim da história.

ME MATEM LOGO!

Cadê a agonia de Constantine? O desespero do exorcismo de Emily Rose? Onde está a galera que fez O Chamado? Cadê a inteligência e o suspense de 11-11-11?? Por favor, voltem a fazer filmes! PELAMOR!! A gente precisa de vocês.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

O amor é uma vitrine

Quando eu nasci, o amor tinha cheiro de leite e de colchão. Ele tinha uma atmosfera de cansaço, mas de muita gratidão. Ele funcionava 24 horas e parecia, realmente, ler os meus pensamentos quase sempre.

Quando eu fiz 1 ano, o amor era uma festa muito grande e exagerada, cheia de adultos, que me deu muito sono.

Quando eu fiz 2 anos, o amor queimou o meu pé. Ele era um pouco desastrado comigo, pois eu estava crescendo rápido demais e tomando minhas próprias decisões. O amor estava passando de gratidão para preocupação.

Quando eu fiz 3 anos, o amor começou a ter cara de quebra-cabeça. Na escola eu descobri que a pró também me amava um pouquinho, aí eu soube que o amor também morava fora de casa.

Aos poucos eu fui percebendo que o amor não era uma coisa só, muito menos privilégio da minha família. Quando eu fiz 7 anos e entrei em uma escola maior, eu descobri que podia fazer amigos e que nos amigos também tinha amor.

Quando eu fiz 13 anos, eu descobri os meninos e descobri, também, que às vezes a gente jura que tá amando, mas no fim, não está.

Com 15 anos, eu achei que tudo ia mudar, pois todo mundo dizia que eu viraria uma mocinha. Não mudou nada, eu só fiz 15 anos. Porém, comecei a duvidar do meu amor por mim mesma. Era muito difícil ser eu e, por isso, eu e o amor acabamos brigando.

Eu comecei a perceber que amor não era mais colchão. O amor não estava mais disponível para mim quando eu quisesse. Eu comecei a perceber que alguns amigos, uma das casas do amor, eram mentira e que, mesmo eles sendo mentira, o meu amor chegava até eles, ainda que encontrasse uma casa vazia. 

Eu fui descobrindo, muito devagar, a cada parada, que o amor, inúmeras vezes, é só uma gotinha do oceano. Que tem dia que a gente promete de pé junto: "Deus, é só ele que eu quero para toda a vida!" para um ano ou um mês depois agradecer sua partida.

Descobri também, por vezes rápido demais, que a gente também erra na dose de amor próprio. Que eu não devo nunca me amar demais, para não correr o risco de parar de evoluir, nem nunca me rogar pouco amor, para não correr o risco de estagnar na escuridão. 

Eu saquei, só por agora, que o "te amo para sempre" é uma bobagem! O amor vive no agora. Eu te amo hoje e espero te amar amanhã, mas isso depende da gente, não é? O amor é um instante tão curto que mais parece uma virada de cabeça entre uma discussão e o nunca mais.

Com 19 anos, eu descobri que amava a Psicologia de um jeito muito pessoal. Não para exercê-la (quem sabe?), mas para apreciá-la. Eu descobri que amo as pessoas de uma maneira frágil, mas eu amo. Eu amo a forma como elas são diferentes e como elas me proporcionam um entendimento cada vez mais eficaz da vida. Eu amo até quando elas me desapontam, mas só depois que a minha dor passa e eu entendo que cresci depois daquilo.

Com 21 anos, eu descobri que o amor nunca foi coisa de super-herói e que é sempre importante perdoar um segredo do passado. Aliás, eu descobri que existe muito amor no perdão quando eu descobri que tinha dificuldade em perdoar.

Eu me senti mulher pela primeira vez e vi uma brecha da necessidade que eu tinha em me amar um pouco mais. Eu estava extremamente negligente comigo mesma e tinha a ver com o amor. Eu era faltante, um buraco moribundo  preenchido por uma casca simpática.

Eu achei um pouco de amor na terapia. Achei um pouco de amor nas amigas de verdade. Achei um pouco de amor em alguns membros da minha família. Achei um pouco de amor nas minhas escritas e nas minhas fotos. Achei um pouco de amor nas minhas viagens e nos textos que eu lia.

Agora, com 23 anos, eu achei muito amor na dúvida e no prazer de não saber para onde ir. Lógico que há confusão e receio, mas há muito amor nas possibilidades. Encontrei um amor maduro que está ficando, encontrei um amor sólido em vocês que ficaram, encontrei um amor nostálgico em tudo que se foi e um amor de esperança para o que virá.

Ando descobrindo que o amor é ridiculamente fácil de encontrar. Eu vejo amor quando minha filha de quatro patas me olha nos olhos, quando eu penso em ser mãe, quando dou uma nova chance a qualquer pessoa, quando dou bom dia e me respondem e quando quem eu amo diz que eu estou bonita.

O amor, eu acho, é só memória e contato imediato. Dá para guardar no bolso e escolher a quem ofertar. Mas precisa escolher direito, pois amor barato dá retorno barato e eu sou valiosa demais para me vender assim.

domingo, 12 de maio de 2013

Momi's day!



Momi, obrigada por não ter me matado quando furei a língua, nem ido para Ouro Preto processar a mulher que eu enganei com a assinatura falsa da atendente da sorveteria. Obrigada por não ter tirado meu couro como prometeu quando eu fiz a tatuagem da costela e não te contei! Obrigada por não ter me deserdado quando pesquei em cinco provas, fui pega, tomei zero em todas e você teve que comparecer à diretoria no meio da semana! Obrigada por continuar comigo quando eu pegava 6, 7 recuperações e me dar o sábio conselho "minha filha, eu só não quero que você perca de ano", me fazendo segui-lo ao pé da letra! Obrigada pelos conselhos semanais e por nunca me deixar sair sem dinheiro de casa... Vai que me dá fome, né? Obrigada por me ensinar a dancinha do ombro, clássica, e por me apresentar o sorine, rinisone e afins! Obrigada por não me matar quando eu voltei para casa com Gabi sem pedir permissão! Obrigada por continuar me amando mesmo quando eu disse que ia fugir de casa e desisti por causa da chuva. Obrigada, também, por não desmaiar quando, depois de passar 5 anos na faculdade estudando para ser psicóloga, eu disse que o que eu queria mesmo era ser uma Big Brother. Mãe, você foi fantástica quando eu disse que não queria trabalhar e você me mandou jogar na loteria, então. Você é mais minha mãe ainda quando me obriga, não importa o que eu estiver fazendo, a assistir na TV do meu quarto o que você assiste no seu. Obrigada por nunca ter feito cara feia quando eu pegava seu sanduíche noturno de carne e fazia você fazer outro para comer. Obrigada por me dizer "xu, o cartão da renner, c&a e marisa estão livres, pode comprar", eita ALIGRIA! Obrigada por sempre dividir ou acabar deixando para mim seus cremes da nativa SPA. Obrigada pela festança de 1 ano que raspou todas suas economias e eu não lembro de nada! As fotos estão ótimas! Obrigada por me chamar de Maria Antônia vez ou outra, isso me deu uma perspectiva engraçada da vida e me permitiu ser quem eu quisesse na hora que eu quisesse. Com certeza minha futura filha terá um nome reserva igual ao meu! Obrigada por usar meu pincel de pó no blush e me fazer, certa feita, ficar com meu rostinho todo pêssego, isso me ensinou a ter paciência com os mais velhos. Obrigada por assistir comigo - e rir junto - 220 volts, casos de família, meu grande casamento cigano e as kardashians. Mãe, obrigada por dizer que eu ficaria uma quenga nigrinha se virasse loira. Eu ficaria mesmo, já desisti. Obrigada por pagar minhas contas e minhas viagens! Obrigada por ter me levado para furar o umbigo! Você disse que eu ia me arrepender e eu me arrependi mesmo, que maravilha isso! Acho que você é uma feiticeira! Ah!!! Obrigada pelos frasquinhos de alfazema com pemba para me proteger, um deles me salvou no carnaval! Obrigada por mandar eu atualizar meu blog e emagrecer 10kg! Enfim... São muitas cagadas! Obrigada por ser a draga mais doce de todas! Te amo!
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