terça-feira, 12 de abril de 2011

Não recue diante de uma capricorniana!

"Mais da metade de suas luas estão em escorpião. Você é sonsa!"

Foi isso que escutei na primeira vez que tive contato com o meu mapa astral e, claro, o meu astral do dia foi estupidamente abalado.

sf 1 Feminino de sonso. 2 V sonsice. 3 Mulher dissimulada, manhosa.

Foi esse o significado que eu achei para o que, na hora, me pareceu tão injusto. Pensei "Hum... Talvez..."

"Não há nada de errado em ser dissimulada. As pessoas tendem a levar esse termo sempre para o lado negativo. Dissimular é apenas não demonstrar verdadeiramente o que sente, escondendo ou omitindo o que se passa dentro de si naquele momento. Algumas vezes, isso é extremamente benéfico."

Pronto! Foi assim que meu professor de Teoria e Técnicas Psicoterápicas suavizou um rótulo que ganhei há um ano atrás, mas que sinto na pele desde os tempos cruéis do colégio.

O grande lance, no fim das contas, é se aceitar. Capricorniana que sou, sempre dissimulei muito bem, obrigada. Já botei medo, claro. Até os 19, nunca soube lidar direito com a personalidade que as minhas vivências lapidaram e me enfiaram goela abaixo! Já ouvi que não tenho sentimentos. Coração? Piorou! "Você usa os meninos" era a mais pedida!

Bom... Deve haver algum borogodó na caval... digo, cabra aqui para que os meninos usados, torturados, humilhados e mal tratados sempre carreguem dentro de suas lembranças uma Isadora inteiramente dedicada. E deve haver, também, em mim uma humildade sem tamanho que me permita dizer tal indecência!

Mas é que eu pensei a vida toda que o bom da vida era só pensar depois, pra só depois, na tal hora de pensar, perceber que bom seria se eu tivesse pensado muito antes!

Eu, como boa capricorniana, sou desconfiada e talvez tenha que aceitar que sempre serei, elevando isso ao mais alto grau de sobrevivência. Não quero me desfazer ao longo do tempo, pois aprendi que é bom ter defeitos. Por conta desse defeito, tenho ao meu lado só quem eu quero. Carrego os velhos amigos como moedas valiosas que encontrei enterradas nas estradas por onde passei. Quase nunca cogito novas pessoas e, se elas insistem em aparecer, deixo passar, cumprimento. Se valer a pena, também não vejo problema em baixar a guarda, deixar entrar.

Ora bolas, sou cabra e sou peixe. Ou sereia. O fato é que tenho chifres e escamas. Duas características animalescas tão dicotômicas. De frente, o olhar cerrado, o chifre afiado, o ataque contando os segundos. De costas, o rabo do peixinho mais dourado do oceano. A fluidez da mãe das águas. Um estado Isadorável que poucos, pouquíssimos têm acesso. E que ama imensamente, cuida, zela, chora muito.

No fim das contas, eu sou mesmo meio dissimulada e há um pouco de orgulho nisso. Orgulho, não me entenda mal, não no sentido de petulância, autoritarismo gratuito. Não há falta de educação na pessoa que vos fala. Um orgulho de gostar do que se é, de ser o que se quer ser ou o que dá pra ser.

A minha manha sempre foi minha aliada. Nunca usei com maus olhos, o coração sempre imperou e as ações foram sempre as melhores possíveis. Digo ações, pois, insisto, não há valor nas intenções. Intenção não põe mesa, não muda o rumo. Não há acesso às intenções. Como já diria Benjamin Franklin "Bem feito é melhor do que bem explicado". E tenho dito!

Portanto, ao me ver por aí, não recue diante desta capricorniana. Me rodeie e me permita te analisar. Eu quero e preciso me sentir segura. Me aceite dessa forma que, logo, logo, seus pés ansiosos pisarão no mar que meu lado aquático adora se libertar e meu lado caprino insiste em preservar. Não se irrite comigo caso o lado que se apresente a você não seja o esperado. Quem tem metade do corpo bicho e a outra metade também, não espera ser muito compreendido. Mas respeito eu quero.

Você entende, não entende?


Foto por Aline Valadares



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