domingo, 11 de dezembro de 2011

Minha religião e a diversidade

Essa eu faço questão de compartilhar com vocês.

Ontem eu recebi um convite de luz para ir no 6º encontro das religiões na Fundação Lar Harmonia, centro espírito pelo qual dedico muito apreço.

Nunca tinha ido a nenhum e tinha lá meus receios, pois questionava a possibilidade de se reunir líderes de religiões tão diferentes e, muitas vezes, tão contraditórias, que carregam no seu histórico batalhas travadas pela ignorância onde, tantas vezes, vimos uns contra os outros.

A mesa era composta por sete religiões: Budismo, com a monja Genpô Jishô; Catolicismo, com Dom Samuel Araújo; Candomblé, com Mãe Jaciara; Espiritismo, com Adenáuer Novaes; Islamismo, com o Sheik Ahmad; Judaísmo, com Ariel Gomes; e Protestantismo, com Adauto Magalhães.

O tema era MINHA RELIGÃO E A DIVERSIDADE, onde os representantes teriam 15 minutos para falar na visão de sua religião a questão da diversidade.  Infelizmente, a monja Genpô Jishô não conseguiu chegar a tempo.

Minha noite foi surpreendente e iluminada. Me sinto abençoada por ter ganhado a noite do meu sábado em um ambiente de tanta benção e amor. Faço questão de compartilhar com vocês muitos pensamentos e palavras que foram proferidas ontem e faço questão, também, de enfatizar que não se trata de religião, muito menos de uma apologia ao Espiritismo, religião que rege a minha vida. Havia espaço para todos e falávamos de amor ao próximo, de aceitação e comunhão.

Lembro-me da finalização de Adauto Magalhães onde ele trouxe uma reflexão linda sobre a diversidade. É imprescindível que nos coloquemos em situação igual a todo e qualquer irmão, já que somos filhos de um Pai em comum e Ele não faz distinção. Dinheiro nunca foi e nem nunca será privilégio que tem como utilidade destacar homens e colocá-los acima dos outros em grau de importância para Deus. Não há dinheiro que compre a paz de espírito. Enquanto desencarnados, quando retornarmos ao pó, não há quem separe o pó do pobre do pó do rico. 

O representante do Judaísmo nos lembrou o nível de integração que habita entre as religiões. E que diante de tanto egoísmo e segregação, todas possuem pontos convergentes e que devemos nos preocupar em celebrar a semelhança e não guerrear pelas diferenças, muito menos ressaltá-las em prol do mal. Estávamos unidos, pois éramos diferentes. É a diferença que completa, que engrandece.

O Sheik, engraçadíssimo, com seu sotaque nigeriano, nos relembrou a qualidade do nosso povo. Ressaltou o poder de acolhimento que temos enquanto brasileiros e que bom se fôssemos todos brasileiros ou todos nigerianos, mas há americanos, europeus, argentinos e é por isso que devemos aprender a viver com todos os irmãos, aceitando-os do jeito que foram feitos, pois Deus não erra nunca e há um motivo muito maior do que nós por trás de tantos diferentes. Nada é a toa. Nada é coincidência.

Dom Samuel, mais reservado, leu um texto sobre seu pensamento enquanto diversidade no catolicismo. Me lembrou muito nossas semelhanças, em qualquer religião, de cultuar um Deus que é primordial, que é incontestável, que é guia, que é amor.

Adenáuer, apesar de ser suspeita para falar, comentou sobre as cinco palavras que vêm a sua mente quando houve a palavra diversidade. Para ele, os sinônimos perfeitos são: Alteridade (só somos alguém diante de um outro), Igualdade (somos iguais, pois somos diferentes), Hinduísmo (que, para Adenáuer, é a religião mais linda que existe. Prega o valor da alma universal), Amor (ame o próximo, mesmo que lhe pareça diferente) e Brasil (há lugar com maior diversidade?). E fez a brincadeira, no fim, de juntarmos as letras, formando a palavra BAHIA, berço da diversidade no nosso país.

Por último, mas não menos importante (MESMO!), tivemos o discurso de Mãe Jaciara, que emocionou boa parte do auditório, inclusive eu. Yalorixá, ela defendeu sua religião com unhas e dentes e, para mim, foi o discurso mais munido de verdade e de coração da noite. Ouvimos os preconceitos a que ela é exposta, os absurdos profanados por ignorantes de religiões diversas e experiências que já passou por ser do Candomblé. Ela é filha de uma Mãe de Santo que há pouco tempo teve seu terreiro invadido por Crentes que a agrediram na cabeça com uma Bíblia na justificativa que iriam exorcizá-la em nome de Deus. Mas que Deus é esse a que eles se referem? Foi muito doloroso saber dos desrespeitos escrachados os quais ela é vítima. Contou de uma vez que foi internada e foi obrigada a tirar suas contas e seu turbante para só assim receber o soro, pois iria se converter ali, naquela hora, em nome de Jesus, segundo a enfermeira. Blasfêmia de hereges que se escondem no manto divino de religiões belíssimas para profanar absurdos em nome de Deus. Para mim, o Deus bom, o Deus Pai, não difere nem se desfaz dos seus filhos.

Ontem, eu alcancei mais um degrau na evolução espiritual que eu tanto almejo. Foi uma noite linda, de muito amor e de muita verdade. Gostaria tanto que todos aqueles que eu amo e todos aqueles que já me causaram dor estivessem ali, sentados, ouvindo o que eu ouvi e se arrependendo de tantas coisas como eu me arrependi e revi na minha vida. 

Espero que mais gente possa ir no próximo, pois crescimento espiritual vai além de qualquer religião e molda nosso caráter para um futuro promissor.


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Um comentário:

  1. Vc descreveu tão bem o evento que me transportei para esse ambiente cheio de luz!!! A diversidade ainda vai ser muito discutida. O importante foi dar o primeiro, mais encontros virão.

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